O paradoxo mais tangível entre fraqueza e
força talvez se encontre na vontade que temos em nos prender naquilo
que já não nos pertence mais. Ou nunca pertenceu.
Somos confrontados desde muito cedo com
as ideias contrárias de “o que tiver de ser, será” e “se você quer, faça
acontecer”, e quando chega a hora de optar por uma delas no campo dos
sentimentos nós simplesmente não sabemos ao certo qual delas escolher.
Acontece que o erro está justamente em um só conceito: se é amor de
verdade, não há escolha. Ele vai acontecer sem você precisar optar.
Aquilo que faz sofrer e te desgarrar
provavelmente não é amor. E provavelmente não te fará bem. Não é que não
haja esforços envolvidos nos relacionamentos, claro que há, mas até os
esforços são feitos naturalmente, sem dor. Há renúncia, não há drama.
Amor implica leveza.
Volta o paradoxo entre ser fraco e ser
forte. Seguramos com força máxima o que não nos pertence porque somos
fracos demais para admitir desde o início que aquilo nunca foi nosso.
Talvez por frustrações do passado, quem sabe pela negação de assumir
para si mesmo, pela milésima vez, que deu tudo errado. Somos fracos
demais para deixar pra lá e fortes demais para nos atermos às cordas
daquilo que deixou de ser hipótese fatídica e passou a ser ideia fixa na
imaginação.
O que é pra ser nosso não vai exigir que
a gente sangre, perca o equilíbrio e atinja insanidade. Vai exigir,
sim, que você faça acontecer, mas preparando seu próprio território
corporal – mente, pele e coração – para o que finalmente vale a pena. O
que é pra ser nosso nos faz parar de enlouquecer na procura pela paz
interior: nos faz começar a vivê-la sem ao menos perceber que iniciamos o
caminho.
Amor não dói. O que dói é pregar-se às
expectativas do que deveria ter sido e não foi, não é. Não se prova amor
pelo quanto se doeu na perda. Se prova amor pelo quanto se doa na
presença e continuidade.
- Bianca Ferreira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário