Uma das coisas mais importantes que aprendi na vida,
desculpe a redundância, foi a minha vontade própria de não querer as coisas.
Durante muito tempo
achei que se meu coração acelerasse um bocadinho, aquilo já era motivo
suficiente pra deixar o coitado na mão de qualquer pessoa que pudesse fazer o
que bem entendesse com ele. Quase sempre usar como bola de futebol. Brincar de
tiro ao alvo.
Custou muito aprender que eu também tenho vontade. Eu também posso
não querer. Eu também posso não sentir, não estar afim, não está
disponível, não estar com vontade. Eu também posso, sei lá, não gostar de
volta.
Acho que mais importante que amar alguém, é curtir a própria companhia.
Não estou falando que um filme de sessão da tarde, agarradinho, não seja legal.
Mas é que de uns tempos pra cá, percebi que ver filme agarradinho com o
travesseiro, facilita muito mais meu entendimento. Não tem alguém que, de
repente, roube minha atenção na cena mais importante.
Hoje todo mundo anda muito
carente, e esse é o fator crucial para relacionamentos frustrados. Carências
que se unem com o simples interesse de cometer suicídio e dar lugar a um
carinho fake, de ambas as partes.
Passei a não entender bem os amores de uma
vida toda que começam do dia pra noite. Entendo que o sentimento nasça de uma
vontade descabida, desconhecida, de uma rapidez estonteante, mas,
relacionamentos são como castelos de cartas: precisam ser feitos peça-a-peça.
Se for rápido demais, a construção cai. Desaba. Daí é como se nunca houvesse
existido.
Antes de qualquer coisa, é preciso calma, pé no chão, amor próprio e
vontade. Essas coisinhas, meu amigo, quando batidas no liquidificador, geram
uma vitamina fortificante. Capaz de construir coisas realmente sólidas.
Outra
coisa importante que aprendi com a vida, é que eu também sei deixar saudade.
Não sou só eu que ouve uma música e lembra. Que vê uma foto e recorda. Que vai
naquele lugar que costumávamos ir, e sente um aperto no peito. Eu também sei
deixar lembranças. Eu também fico nas lembranças.
Uma vez me disseram uma das
palavras mais lindas que alguém com um ego elevado, ou talvez um puta amor
próprio pudesse dizer: “egoíste-se!”. Aquilo foi tão perturbador quanto uma
bomba atômica. A gente sempre vai se machucando, tentando poupar alguém, que
não pensa em poupar a gente de volta.
Uma das coisas mais importantes que
aprendi na vida, desculpe a redundância, foi a minha vontade própria de não
querer as coisas. E o mais importante: isso não é ridículo. É, pelo contrário,
uma das lições mais importantes que alguém pode te ensinar. E a gente está
aqui, é pra aprender, não é mesmo?
- Matheus Rocha.