domingo, 7 de setembro de 2014

- A saudade de quem ainda sente...


De: Gabriel
Para: Maria

O expediente acabou.
Carregando nas costas todo aquele peso de uma semana cheia de cansaço, e desencontros e saudade, segui em direção ao estacionamento para pegar meu carro e assim ir para casa, numa dessas noites de sexta-feira.
O trânsito parado, como sempre e como tudo aqui dentro, desde o dia em que você foi embora.
De um lado o barulho dos carros, do outro o barulho inquieto da mente e do coração.
Eu deveria estar feliz por ser sexta, afinal eu tinha um sábado e um domingo inteiro para descansar, sair, curtir e vadiar… Mas não.
Eu ainda não havia me acostumado com aquela coisa de chegar em casa e não te encontrar.
Eu ainda não havia me acostumado com a ideia de ter que fazer meus planos sozinhos, de ter que sair sozinho.
Por mais que existissem os amigos, faltava alguma coisa. Faltava você.
As coisas que eu mais gosto perderam a graça, e eu já não gosto mais.
Eu ainda não me acostumei com essa ideia de tentar fingir que está tudo bem, quando na verdade não está.
Você vagueia dentro das minhas veias e bombeia o meu coração.
Infinitas pessoas poderiam me abraçar agora, mas nenhuma delas confortariam minha alma como quando você me abraçava.
Eu poderia beijar infinitas pessoas, e nenhum desses beijos alcançaria o gosto do teu. Nenhum!
Eu poderia enxergar os olhares mais encantadores do mundo, mas nenhum me faria mergulhar de cabeça como os teus.
Eu poderia amar outras tantas pessoas, mas não as amaria tanto quanto amo você.
O mundo, às vezes, me pede para esquecer e seguir em frente. E eu me iludo, te sufoco entre os dias, busco não pensar, mas minto o tempo inteiro para mim.
A verdade é que não te tiro, nem por um segundo, da minha cabeça.
(...)
Eu pensei isso e mais um pouco, Maria.
Agora que cheguei em casa, escrevo esta carta, como todas as outras que escrevi - todos os dias - depois que você se foi, na tentativa de que o vento leve até você, onde quer que você esteja. Ou que ele, por mera bondade, me levasse até você. 


- Rafael Reis.

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