domingo, 9 de setembro de 2012

- Gesso...


Em alguns casos a gente ultrapassa os limites da nossa independência amorosa.
Chegamos até a construir uma muralha para proteger nossos sentimentos. 
Engessamos nosso coração para ninguém o alcançar. 
Não é culpa nossa, não é algo proposital. 
Nossa fortaleza sentimental tem razão de existir. 
Cansamos de abrir os portões pra quem só nos devastou. 
Cansamos de cupidos estúpidos ruins de mira. 
Já mergulhamos demasiadas vezes na angústia do vazio agudo de “perder” quem nunca nos mereceu. 
E reabrir-se requer um difícil aprendizado emocional. Porque ninguém quer colecionar cicatrizes. 
E se eu demorei tanto pra me recompor, se a minha fratura exposta demorou tanto para colar, não quero 
que ninguém tire meu chão e me faça desabar caso um dia mude de ideia e não resolva mais me amar. 
Por isso meu gesso é duro e suas paredes são grossas.
E isso explica a angústia que às vezes nos toma conta quando sentimos que nossa respiração arfa mais forte por alguém. 
A gente se aflige porque sabe que essa é uma decisão que cabe somente a nós mesmas. 
Afinal, a gente pode até não escolher por quem nos apaixonamos, mas temos o exato controle sobre o que fazer com esse sentimento. 
Traumas todas nós temos, e eles são do tamanho das expectativas que depositamos neles. 
A gente é mulher, alimenta esperanças, cria fantasia, e às vezes também confundimos atitudes e nos iludimos. 
Mas acho que chega uma hora em que  temos que criar coragem para tirar o gesso e andar por conta própria. 
Já engessei meu coração várias vezes, mas as cicatrizes que tenho, formam quem eu sou, e é por isso que nunca vou deixar de me jogar quando meu coração mais forte pulsar.

((Lais Montagnana))

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