terça-feira, 19 de maio de 2015

- Enquanto me desespero esperando notícias suas...


Você chegou, era fim de verão. Em meu peito, em minha história, fragmentos de uma desilusão que cumpria aviso prévio. O que enveredou o nosso começo, ainda que nunca além de nossas paredes, foi o gosto refinado pelo impossível. Me pego avaliando a nós, em busca das respostas que a convivência nunca nos trouxe e concluo: fomos instantes. Se me dedicasse a escrever uma carta por dia, endereçando a você, certamente notaria a complexa inconstância que nos acompanha, clássica característica de nossos momentos. Fomos tantas partidas, tantas chegadas. Fomos diversas vezes o sim, o não, o misto desconhecido do sempre e do nunca.
Eu confesso que sempre preferi os recomeços, que era quando mergulhados em uma saudade densa, nos transformávamos naquilo em que deveríamos ser: compreensão, carinho e fé! Mais uma vez, demos a nós mesmos outra pausa de mil compassos. Você vítima dos seus desacertos, eu vítima de tanta impaciência. O último ato, aquela última carta, o momento em que concluímos que o amor só acontece quando não precisa mais ser segredo, quando podemos assumir para nós mesmos o quanto sentimos e, se sentimos, por quem! O viés de nossos caminhos, a lenta absorção que temos e nos permitimos da felicidade, a hora de partir sempre precoce.
Confessando a mim mesma, levanto uma alva bandeira pedindo paz. Sinto que o não diluir dessa questão é sempre o que nos pega desprevenidos pelo caminho e nos traz de volta pra essa casa devastada que não temos coragem de chamar de lar, mas que guarda em seus armários tanto de nós, de nossas histórias, de nossos desejos pra um futuro bom. Se sonho, quando sonho, levo você comigo e me pego pensando que pelo menos dentro de mim, eu e você podemos gozar de paz, da grande janela amarela e amor. É somente quando não somos reais, e deixamos a necessidade de sermos tão ‘nós’ em indivíduo, que funcionamos como par.
Eu e meus longos textos, você e seus belos cliques. Só nós e o melhor de nós.
Não presto pra lhe dizer adeus, oras. Nunca prestei! Por isso, me rendo a um ‘até logo’, firme no propósito de que o amor, dessa vez, pode arrebatar um de nós pelas trilhas da vida e, com doçura, nos permitir ser pro outro, a inspiração pra dias ainda melhores e mais plenos. Algo em mim não acredita nisso, como se já pudesse prever os contornos e detalhes do próximo reencontro. Ainda assim, encaminho o restante de mim crente pra novas histórias ciente de que você, ainda que tão perfeito pra mim, não me cabe. É como se escolhêssemos, dia após dia, a solidão!
É um grande prazer viver com você esses nossos tão intensos hiatos, mas é chegada a hora de seguir.
Que Deus proteja e enfeite de flores os seus caminhos, enquanto eu me desespero esperando notícias suas!

- Mayra Peretto.

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